Tanah Lot, que tal sonhar acordado?
Depois que escrevi meu último post sobre os subak de Ubud fiquei nostálgico. Mas, quando comecei a me lembrar do roteiro de bike que agora descrevo, adivinha o que veio a minha mente? Sim, sim e sim! Muito mais subak! Ainda não sabe o que significa esse termo tão balinês? Dá uma lidinha no post anterior e descubra um pouco da filosofia dessa população encantada.
Bali possui duas estações climáticas durante o ano, quente com chuva e quente sem chuva. Mesmo com o forte calor na ilha, dificultando o ato de pedalar, fiquei feliz em levar minha bicicleta. Sem dúvida a melhor forma de se deslocar e conhecer o local. Os balineses não pedalam muito, mas valorizam bastante quem o faz. Alguns motoristas reduziam a velocidade dos carros a fim de emparelharem comigo, para me cumprimentar pelo pedal. Várias vezes também recebi incentivos dos pedestres, as crianças adoravam fazer festas quando eu passava sobre duas rodas.

De tanto usar a bike para ir ao mercado carregando feira, me tornei um perfeito equilibrista, mas, lógico, não chego aos pés dos balineses. Vocês precisam ver o que eles levam em uma scooter! Tanta coisa que nem sei, além, é claro, da esposa com o bebezinho no colo e os outros dois filhos maiores. Andar na contramão e sobre as calçadas é básico. Mas a realidade é que o balinês é ruim de volante e bom de coração. Engana-se quem acha que está mais seguro ao andar de bicicleta no trânsito do Brasil. Pode até ser contraditório, mas o balinês faz toda barbeiragem do mundo no trânsito, respeitando a vida das pessoas. Além disso, a velocidade acima dos 40 km é rara, dá tempo de evitar acidentes andando dessa forma.
Na contínua intenção de concluir a rota dos 9 templos balineses, da qual já havia pedalado mais de 130 km, segui em direção à regência de Tabanan, pedalando 90 km, a oeste da ilha de Bali. A caminho de mais um templo icônico, o Pura Tanah Lot, localizado nessa província balinesa, gritei alegre: Tabanan, selamat datang! Em bom português “Tabanan, seja bem-vindo!”

Partindo da minha casa em Jimbaran, o caminho para o Tanah Lot tem uma distância parecida com a rota que havia feito anteriormente para Ubud, porém sem muitas subidas. Na realidade, foi tanta bicicleta no meu cotidiano, durante meses, que consegui fazer a viagem "sorrindo", sem muito esforço. A maior dificuldade dessa pedalada rumo ao Tanah Lot ficou por parte dos engarrafamentos que entulham de carros e motos os bairros turísticos mais frequentados da ilha pelos quais eu seria obrigado a passar pedalando.
No caminho para o Tanah Lot, conheci lugares incríveis e tirei muitas fotografias para mostrar aos meus amores que o paraíso existe e fica na terra, uma espécie de sonho acordado. Esse templo hindu, encravado numa formação rochosa marinha, tem encantando os visitantes, desde o século XVI. Totalmente dedicado à deusa Shiva, importante entidade dos praticantes do shaivismo, uma linhagem do hinduísmo, esse templo compõe uma série de construções religiosas deslumbrantes que se encravam no litoral balinês.

Antes de chegar no templo, aguentando um calorão, fui premiado. Um ciclista italiano, casado com uma balinesa, me encontrou no caminho e me convidou para tomar um chá gelado. Em terra estrangeira, fazer amizade é tudo de bom! Seguimos para o condomínio onde eles moravam, bem próximo à beira mar e ao próprio Tanah Lot, o templo mágico.
Tivemos uma conversa muito agradável sobre nossos países e suas respectivas políticas ou sobre os 25 anos do casal acompanhando o dia do silêncio (Nyepi day) em Bali. Claro que não faltou em nosso bate-papo o tema fatídico dos melhores locais para passeios e aventuras ciclísticas. O senhor, experiente esportista, estava planejando um pedal da Tailândia até a Itália com seus amigos. Uma aventura e tanto para um homem que tinha por volta de uns 70 anos. Fiquei empolgado, um dia chego lá!


Por volta da hora do almoço, havia chegado no famoso templo, finalmente. Um local bem turístico, com muitas lojas de lembrancinhas logo na entrada. Tinha de tudo um pouco, sarongs, incensos, perfumes, máscaras balinesas e muitos falos, que são para essa população símbolo da fertilidade. Morando isolado, conjuntamente com os locais, não conseguia me adaptar a esses espaços turísticos.
Uma multidão caminhava para cima e para baixo, procurando o melhor local para fazer aquela self #gratidão para o Instagram. Um tipo de turismo bem ocidental, completamente desvinculado de qualquer sentido de plenitude com a vida. Essa movimentação toda tirava um pouco daquele sentimento de paz que tende a perdurar quando visitamos um local sagrado. Contudo, foi difícil não ficar emocionado, o templo é muito incrível. Dizem que é um dos melhores locais para se ver o pôr do sol em Bali, eu não consegui ficar até o cair do dia. Antes, tomei uma água de coco bem gelada e me preparei para a viagem de retorno ao lar. Banho de protetor solar e mais um sorriso estampado no rosto.

Quer saber mais sobre as minhas viagens de bicicleta ou sobre Tabanan? Deixe seus comentários e perguntas no post que a gente vai conversando.