A difícil escolha de adiar um sonho
Tive o prazer de visitar templos impressionantes na ilha de Bali. Para chegar até eles, a exemplo do Tanah Lot, construído em uma formação rochosa do mar, ou o Pura Goa Lawah, localizado próximo a uma caverna cheia de morcegos, pedalei em média 80 km. Agora, no entanto, relatarei viagens mais distantes dentro da ilha.

A primeira pedalada realmente mais longa foi em direção à província de Karangasem, a oeste da ilha, onde fica localizado um dos templos mais antigos e reverenciados de Bali, o Pura Lempuyang Luhur, também conhecido como Mother templo. Para tanto pedalei 184 km.
A primeira parte da viagem foi fácil, pois eu segui por uma rodovia pela qual já havia passado várias vezes, e, portanto, já bem conhecida por mim. Conhecer bem o caminho não é indispensável, mas ajuda bastante, principalmente quando a gente está no retorno da viagem, cansado e louco para chegar em casa, para, finalmente, repousar.

Cheguei na província de Karangasem e logo me deparei com mais uma das maravilhas de Bali, a praia de Candidasa. A água azul do mar desta praia é incrível, uma beleza surpreendente. Da estrada onde estava, lá dentro do mar, dava para avistar as outras ilhas próximas de Bali. Logo adiante, seguindo o pedal, me deparei com o Candidasa Lotus Lagoon, um lago incrível repleto de flores de lótus. Em frente ao lago havia uma rua através da qual se encontra o Pura Candidasa templo. Este templo, dedicado à fertilidade, é um dos mais populares na costa oeste da ilha. Muitos hindus balineses vão a esse local para pedir graças e uma fertilidade abundante. Assim, as famílias seriam presenteadas com muitas crianças.

Para chegar no Pura Lempuyang Luhur passamos por duas montanhas. A primeira, rumo ao Mother Temple, tem trechos de pista bem estreitos. Alguns pontos da subida são repletos de macaquinhos curiosos, ansiosos por receber agrados dos turistas. A floresta está, por toda parte, cercando a estrada. O visual é incrível, com vários pontos para apreciar as belezas da ilha bem do alto. Foi nessa subida que sofri um pequeno susto no trânsito. Um motorista passou rente a minha bicicleta e o retrovisor do carro se chocou com meu braço. Uma pancada leve e não me derrubou, nem me machucou tanto. Fiquei surpreso com o esbarrão, mas segui firme no meu caminho. Alguns metros depois, em um trecho da estrada com acostamento, o carro que me atingiu estava parado e um dos passageiros sinalizando para que eu parasse a bicicleta. O casal que estava no carro, muito preocupado com meu estado, ficou esperando para ver como estava minha situação e pedir desculpas pelo ocorrido. Agradeci a preocupação do casal, os tranquilizei e desejei uma boa viagem para eles. Depois, segui em frente rumo a segunda montanha onde fica o templo Lempuyang Luhur.

Esta segunda montanha tem uma vista privilegiada para o vulcão Mount Agung, um dos seis vulcões da ilha de Bali. Este vulcão é um dos três que estão ativos na ilha de Bali, os outros dois são o Batur e o Bratan. A ilha também tem três vulcões inativos que são o Merbuk, o Patas e o Sereja. Comecei a subir esta montanha do Pura Lempuyang Luhur e logo vi que a subida seria uma dureza. As rampas ficaram mais íngremes que as da primeira montanha. Meu GPS começou a falhar e logo notei que estava perdido. Com emoção, ou sem emoção? Continuei subindo, depois de ter rodado um bocado no meio da mata, sem saber o caminho certo para o templo. Daí comecei a ficar preocupado. Resolvi parar em uma vendinha, pedir informações e beber alguma coisa. Uma senhora muito simpática me atendeu e me indicou o caminho correto para o templo.

Ainda faltava uns 10 km até chegar ao meu destino. Retomei a viagem, mas após algumas ladeiras, refiz meus planos e resolvi voltar, estava muito cansado. Foi duro tomar essa decisão, mas cheguei a conclusão que no ritmo que estava subindo só chegaria ao topo no final da tarde. Meus equipamentos de luz e GPS poderiam falhar e eu ficaria perdido no meio da floresta escura e com poucos moradores para me dar informações sobre o caminho de volta.

A volta foi exaustiva, tive que subir mais uma vez aquela montanha que ficava no meio do caminho, pedalar o resto da tarde e, por fim, já de noite, tive que subir 6 km finais para chegar na minha casa, que também ficava sobre uma montanha. Ufa! De montanha em montanha cheguei ao final.
Fiquei triste por não ter alcançado meu objetivo, mas a viagem foi incrível. Quero voltar um dia e conhecer esse belo templo. Você acha que fiz certo em voltar antes de chegar ao meu destino? O que você faria no meu lugar? Deixe seu comentário.